Perdoar é difícil. Não vale a pena tentar negar. Perdoar de verdade será sempre complicado. Mexe com muitas coisas em nossas mentes e emoções. Nosso senso de justiça que exige retribuição. Nossa perceção de que o outro não merece. Nosso desejo de vingança. Nossa dor pela rejeição e desprezo da ofensa.
Logo, a Palavra nos diz claramente que só conseguimos perdoar quando nosso foco está em Deus e na sua graça. É pelo perdão de Deus que somos capazes de perdoar. Lembrando e valorizando seu perdão ficamos obrigados a perdoar, como Jesus ensinou na parábola do servo incompassivo.
Mas há outro conceito importante que nos ajuda no perdão. É que ele depende de Deus em mais que um sentido. Na verdade, o perdão está intimamente ligado à nossa confiança em Deus. Pensemos em termos de ofensa, retribuição e justiça. Quando há uma ofensa, há de fato necessidade de retribuição. A justiça exige que o faltoso seja penalizado.
Nossa vingança, porém, não é justiça. É um falso senso de justiça que em geral exige um pagamento bem maior que a ofensa. Daí a lei ter que prescrever “olho por olho e dente por dente”. Equivalência entre crime e pena.
Para perdoar de verdade temos que abrir mão da nossa justiça e confiar na de Deus. Temos que acreditar que Ele é soberano, permite e controla o que acontece, e é capaz de transformar mesmo as coisas ruins que tentaram nos fazer, ou nos fizeram, em algo bom.
Foi o que José disse a seus irmãos: “Vós bem intentastes mal contra mim; porém Deus o intentou para bem, para fazer como se vê neste dia, para conservar muita gente com vida.” Gênesis 50:20. Ser vendido como escravo para uma terra distante e estranha não foi absolutamente bom. O intuito da ofensa foi dos piores. Mas Deus, que é Senhor, usou tudo para abençoar mesmo os próprios ofensores.
José, que viveu 1700 anos antes da cruz, foi capaz de perceber isso. E nós que vivemos na era da graça? Nós que temos a maior demonstração do amor de Deus? Não perdoar significa não confiar na justiça de Deus, duvidar da sua soberania e do seu poder de nos abençoar sempre, usando mesmo as coisas ruins para nosso benefício.
Meditemos nisso. Vamos abrir mão da nossa fraca justiça humana e confiar na de Deus, perdoando aos nossos ofensores.
Pr. Joed Venturini de Souza